A função social da língua e a atitude cidadã

24/06/13 para contato.net
Se olharmos para alguns acontecimentos históricos apurando o olhar para o desejo de mudança, veremos que a língua teve grande importância nas grandes conquistas. No período ditatorial a ânsia pela liberdade de expressão fez com que muitos se utilizassem de “artimanhas linguísticas” para driblar a censura aplicada pelo regime.

Como não lembrar de músicas como a do cantor Geraldo Vandré que descreve o movimento vivido na época. A letra Pra não dizer que não falei das flores que é de certa forma um registro fiel de um contexto radical onde uma palavra poderia representar a perda da vida. A música ao ser ouvida reporta a quem viveu nesse tempo a lembranças nem sempre agradáveis e a quem não viveu faz pensar em como se dão os movimentos em prol de liberdade e da democracia.

A palavra ou a ausência dela: tudo foi protesto

Nessa semana as manifestações realizadas em todo o país demonstram a vivacidade da linguagem. Os protestantes usaram a música, cartazes e gestos para conduzir o grande movimento, cantavam o Hino Nacional, sentavam-se nos momentos de tumulto para mostrar que a intenção não é bagunçar e sim chamar a atenção para a insatisfação das pessoas com situações descabidas e contraditórias do país. Era sim um pedido de socorro e um desabafo de toda a nação.

A palavra ou o silêncio nesses momentos de tensão da nação mostra grande força, pois as manifestações populares sempre são analisadas pelo viés dos discursos apresentados. Mas considere-se que os desfechos desses protestos dependem do diálogo que é estabelecido entre as forças envolvidas. Quando o discurso de uma das partes se torna violento a tendência é de não haver entendimento. Nos pronunciamentos de autoridades que têm a responsabilidade de responder pelo que ocorre nas ruas do país há unanimidade com relação a forma de manifestação pública. Todos defendem a liberdade de expressão e entendem ser o diálogo o melhor caminho para resolver os conflitos que se estabeleceram e os protestantes compartilham do mesmo ponto de vista.

Dos últimos acontecimentos, conclui-se que ninguém ficou passivo diante do fato. Mesmo quem se calou, de certa forma protestou!

A língua como forma de defesa e segurança

Os jovens revolucionários e audaciosos usaram de forma criativa a língua para se defender dos ataques de quem estava no poder militar, assim também o fizeram os escravos para se proteger dos abusos dos seus senhores.

Conforme a edição da revista Língua Portuguesa deste mês para o doutor em sociolingüística da USP, Silvio Vieira de Andrade Filho, “alguns dos vocábulos criados pelos africanos surgiram da necessidade de os escravos travarem diálogos que permanecessem incompreensíveis a seus senhores” (p.23).

Vê-se que a língua tem uma importante função social a ser cumprida. Que saibamos usá-la com sabedoria para tornar a convivência mais harmoniosa e pacífica.

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