Texto e contexto: uma reflexão sobre o ato de escrever

14/06/13 para contato.net
Imagine que uma pessoa lhe deu a tarefa de fazer uma colcha e apenas lhe apresentou retalhos de tecido com os quais você terá que de alguma forma finalizar o trabalho, aí a imaginação vai ter que “entrar em campo” para que tudo saia a contento. Situação análoga acontece quando o professor solicita ao estudante que escreva um texto passando-lhe algumas informações e a este cabe juntar o que lhe foi apresentado e ao final apresentar uma redação.

O ato de escrever demanda além do conhecimento prévio sobre o assunto, uma habilidade de relacionar as partes com o todo e vice-versa. Apresentar dados, citar informações já lidas anteriormente é importante, mas o primordial é que ao escrever se leve em conta o contexto em que será lido e que o mesmo se suceda na atividade de leitura, isto é, que o leitor incorra ao contexto em que foram escritas tais palavras para que possa extrair todo o significado intencionado pelo autor do texto.

Narração, descrição e dissertação: é tudo redação

É necessário partilhar a ideia de que “redação” vem do ato de redigir, portanto qualquer texto é considerado uma redação. Em outros tempos o conceito de redação era atribuído apenas ao texto dissertativo e isso causava grande confusão na cabeça do aluno, e de certa forma, lhe tolhia a criatividade na hora de escrever.

Narração, descrição e dissertação são tipologias textuais e não gêneros textuais. Esses tipos podem de forma singular se entrelaçar na tessitura e tornar o texto muito mais interessante para o leitor. Ao redigir é possível escolher que tipo será predominante, porém será necessário mesclá-los se o objetivo é criar um texto dinâmico. A utilização de ambos os tipos textuais permite a quem escreve referenciar, exemplificar, reafirmar seus argumentos e assim ganhar crédito para suas palavras.

Gêneros: é preciso deixar a opção

O importante na hora de escrever é expressar de maneira responsável um ponto de vista e permitir a interação de quem lê, dando espaço, por meio das palavras, para o diálogo do leitor com aquilo que leu de forma a permitir que se informe, mas também concorde, discorde e reflita sobre o que se escreveu.

Dado ao grande número de gêneros textuais que existem, felizmente podemos contar com inúmeras possibilidades de discorrer sobre determinado tema. Um exemplo para ilustrar: se a proposta lançada para o estudante é a de debater o tema “Desmatamento” que este encontre a melhor forma que lhe convier para abordar o assunto. Se quer fazer uma paródia de uma música ou se sente mais à vontade escrevendo uma poesia, por que não deixar? Afinal não se objetiva a diversidade na hora da criação escrita?

Como professores que sejamos capazes de nos desvencilhar de pré- conceitos e entendamos que a sala de aula é o espaço dinâmico, lugar de construir e desconstruir, criar e recriar e assim aprender.

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